terça-feira, 28 de setembro de 2010

Nós, os orgulhosos também sofremos, também choramos em silêncio pela falta de quem amamos.Nós, os orgulhosos, também amamos, embora falamos pouco e quando falamos é o som do sentimento refugiado, cansado de ser enclausarado numa fachada fria, que escapole pela boca sem querer.Nós, os orgulhosos, sentimos saudades, vontade louca de estar por perto abraçar forte, ligar a todos os instantes só pra saber como está.Nós, os orgulhosos, sentimos ciúmes, tanto ciúmes "Será que ela achou ele mais bonito que eu?" , "Mais interessante que eu?", "mais...mais...mais". Perguntas que maltratam os orgulhosos a cada momento. Mas além de orgulhosos somos arrogantes e não queremos deixar a dúvida no ar que alguém pode vir a ser melhor que nós...os orgulhosos, teimosos e arrogantes.Nós, os orgulhosos, falamos "Você é muito gostosa, quero te comer!", quando queremos dizer "Tô com saudades, quero te ver...".Chamamos de gostosa pra não passar por fresco, pois na verdade, na maioria do tempo, estamos resignados quanto aquela beleza dócil da cara amassada, do cabelo despenteado e remela nos olhos, Ficamos enrustidamente com olhar de bobo, num mar de encanto, atôntos.Batemos na bunda quando queremos os eternos abraços da cabeça enrolada no peito de quem amamos...o peito de quem amamos... nosso porto-seguro, nossa estrela guia.Nós, os orgulhosos, gritamos, xingamos, batemos porta, queremos saltar do carro em movimento. Os orgulhosos homens apanham, as orgulhosas mulheres batem. Dizemos que odiamos, apagamos o número do celular, prometemos jamais ligar. Dar o braço a torcer? Nunca. Ceder? Jamais. Apesar de vermos nossas amadas como deusas a tratamos como humanas, pois ninguém se casa com Deusa, ninguém constrói casa, jardim, cria os filhos, divide as contas, as preocupações, as noites de sono com as deusas. As deusas são intocáveis, guardadas em uma prateleira repleta de porcelanas. Não queremos isso. Queremos paixão, amor, grito tudo que há de mais avassalador pois terminamos sem fôlego, suados no colchão, despidos de pudor.