quinta-feira, 28 de março de 2013

Insonia

Insonia é uma merda, é foda mesmo. Se hoje é horrível imagina em 1990, o que as pessoas deveriam fazer? Ler? Mais de 140 caracteres? Tá maluco, coisa de louco. Nem na escola ensinam com mais palavras. Responda Revolução Francesa em 140 palavras começando com hash tag (joguinho da velha pros mais antigos).
Hoje não, hoje temos facebook, twitter, whataspp, viber (se o leitor ainda não sabe o que é, tudo bem, é novo mas promete bombar), o  orkut (já prometi, afundo com esse barco!) e canais a beça. Se você tem tv a cabo consegue ver muita putaria, se não, consegue ver outro tipo de sacanagem, a dos pastores e seus martelinhos de ouro e copo em cima da televisão.
Se bem que essa coisa de não se sentir sozinho de madrugada pelas redes sociais é balela, pura ilusão. Passou certa hora e o que você encontra online é a xepa da feira, aquelas pessoas que você mal conhece de vista, tipo ex-ficante de colega de turma do primeiro período da faculdade, amigo de um amigo que hoje em dia nem é mais amigo, pessoas que fizeram parte da sua vida como o guardador de carro de uma rua que você morou a 5 anos atrás (essa classe D e a inteiração digital) ou simplesmente pessoas do seu passado que queremos mante-las lá, no passado.Você fica querendo interagir de qualquer jeito, mas não tem ninguém, nenhum bróder ou uma gatinha interessante que tá na sua lista de investimentos. (Gatinho no caso das moças que estejam lendo). Então acaba aceitando aquela galerinha de bolinha verde -é o que têm pra hoje- pode ser aquele cara que estava numa mesma mesa de um bar no baixo Gávea que você. Trocaram 3 ou 4 palavras de concordância e cumplicidade, sei lá, algum vislumbre profissional, alguém sacou o smart phone e pronto, viraram feicefriends.
Antes fosse só isso! Mas você, carente e abandonado por Morfeu, acaba se sentindo cobiçado em falar com aquela menina que um dia devido a uma carraspana (para quem desconhece essa palavra pergunta para avó, a terceira idade tem valia) intensa você acaba a beijando no banheiro de uma birosca qualquer. Aquela mesma menina que quando entrou no seu carro pediu logo para colocar na radio mix e faz cara feia quando bebe vinho seco, diz que prefere quando é docinho...
É inevitável, na madrugada bate aquela carência, solidão. Basta ver a programação da Rede Tv e os seus chats amizades. Então o jeito é tentar interagir com esse povo semi-conhecido. Assumo que rolou comigo esses dias. Preferi o camarada do Baixo Gávea porque eu realmente odeio a radio mix.

Eu: Fala Nandito! E seu fluzão vai ou não vai?

Nota de esclarecimento: o apelido serve para quebrar o gelo e o time de futebol sempre foi uma fonte de conexão.

Ele: Koeh man (odeio quem fala assim, mas é o que tem para hoje). Nem tô muito ligado em futebol...
Eu: Hum...nem eu, meu mengão não ajuda também, né?! risos...e a repartição?
Ele: Tô desempregado.
Eu: Liga não, tá fácil pra ninguém, logo surge coisa melhor, mas e como tá a Carol?
Ele: Que Carol?
Eu: Quer dizer, Monica...
Ele: Monica??
Eu: Não, você tava saindo com a Daniele, foi mal, confundi...
Ele: Sou gay.

3 minutos, "silêncio"

Eu: Ah... é a modernidade, o negócio é ser feliz mesmo, sem preconceitos, até o Papa aprova, Tamo junto! Você deve ser amigo do Luiz então...
(Luiz é o único amigo homoafetivo, devo ter sido por ele que o conheci.)
Ele: Luiz?! Quem?
Porra! Desisto! Bloqueei e pronto. Não pela sua opção sexual, claro que não, cada um deve ser feliz como achar melhor, claro. Mas também não tô nem um pouco afim de conversar sobre a Madonna.
Cogito procurar a menina que não degusta vinho seco, odeio a mix, mas tenho um puta mp3 e fone de ouvido...bolinha vermelha.
Eis que surge uma Lucinete, cujo a foto do perfil é um desenho da Penélope Charmosa. São 4:53, não vou conseguir dormir agora, então vamo lá! Começo um papo já inclinado para uma futura proposta de coito, tá online nessa hora, tá sozinha, na pista pra negócio. Ela corresponde legal, o diálogo vai fluindo solto até eu descobrir que ela tem 63 anos e é colega de trabalho da minha mãe.
Até cheguei a colocar no telecurso 2000 para ver as novidades das sondas em aparelhos que nunca saberei pronunciar quiçá escrever aqui. Cogitei descer numa padaria interagir com a tia do café, frio e preguiça. Preferi tomar uma dose cavalar de rivotril que me fará hibernar até  o programa do Ratinho. Já me desapeguei do sol mesmo, e com o sucesso de Crepúsculo, os pálidos voltaram á moda.