quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Calendário

Às vezes você tem a sensação que está sentado bem no meio do tapete da sua sala, teclando no seu celular ou laptop com a janela aberta e vem um vento forte, bate e arranca as páginas de um calendário que fica  preso a parede? Daí você saí e percebe que esse vento te arrancou 365 páginas.
Nesse momento, você se dá conta que não foi o vento que te arrancou um ano de páginas, foi você que ficou sentado por um ano.
E as folhas continuam voando, e vão continuar voando...
Salvo um dia ou outro, conseguimos segurar alguma folha e guardar no bolso (como se guarda o retrato de um filho na carteira, ou um documento tão importante quanto a nossa identidade), na esperança de revivê-lo, mostrar aos filhos, netos ou apenas olhar com carinho em algum dia muito pesado.
Na ansiedade em ver as páginas voando, saindo de nosso controle, e diante a nossa impotência, saímos, bebemos, fugimos.Mas elas continuam voando pela janela, as vezes em maior intensidade, as vezes em menor intensidade, depende do vento, de teu vento.
No início, o bloco de folhas é grande, um maço enorme, então perder algumas não faz diferença, pouco faz falta...
Mas cada vez mais, o bloco vai afinando, estreitando, ficando pequeno, e logo, aquelas folhas que voaram pela janela vão te fazendo falta.
Desesperadamente, você inspira, pega um impulso e ganha a rua, buscando resgatar, ao máximo, o quanto de folhas em seus braços caberem. Mas agora já é tarde...e quando vai notar, o bloco acabou.